De acordo com dados fornecidos pelas empresas de TV paga à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o ano de 2017 terminou com 17,9 milhões assinantes do serviço. Isso representa uma queda de 4,99% nos últimos doze meses, perda de 938,7 mil contratos ativos, e uma redução de 0,70% em relação a novembro de 2017, menos 125,7 mil. É o número mais baixo desde outubro de 2013 e representa uma queda de quase 2 milhões de clientes desde o apogeu do mercado, em novembro de 2014. Ou seja, a TV paga voltou ao mesmo patamar de três anos atrás.
No ano de 2017, dos grupos acompanhados pela agência reguladora, a Oi registrou aumento de 205,2 mil novos usuários (+15,73%), seguida da Sky com acréscimo de 109,6 mil (+2,09%). A prestadora Claro teve a maior redução em número de contratos ativos, menos 724,2 mil contratos (-7,39%), seguida da Vivo, com redução de 131,4 mil (-7,67%), da Algar Telecom, com menos 23,9 mil (-24,34%), e da Nossa TV com menos 2,7 mil (-2,14%).
Na comparação de dezembro de 2017 com o mês anterior, o maior crescimento foi registrado pela SKY com mais 77,3 mil contratos em operação (+1,46%), seguida pela Oi com aumento de 18,7 mil (+1,25%). A Claro apresentou a maior redução com menos 59,4 mil contratos (-0,65%), seguida da Vivo com redução de 8,9 mil (-0,56%), da Nossa TV com perda de 0,4 mil (-0,33%) e da Algar Telecom com redução de 0,2 mil (-0,32%).
Nos últimos 12 meses, os três estados com maior número de assinantes do serviço no país apresentaram redução, São Paulo queda de 447,1 mil contratos ativos (-6,21%), Rio de Janeiro redução de 97,8 mil (-3,83%) e Minas Gerais menos 38,3 mil (-2,41%). Em relação ao crescimento percentual, a liderança foi ocupada pelo Estado do Piauí com 6,4 mil novos assinantes (+7,74%), seguido por Maranhão com 6,5 mil (+3,86%) e Tocantins com 1,4 mil (+3,42%.).
A variação, contudo, pode mudar um pouco dado que é possível notar, nos dados da Anatel, a falta de alguns números de pequenas operadoras em dezembro, inclusive a Cabo Telecom, de Natal, que tinha em novembro de 2017 cerca de 52 mil clientes.
As duas únicas operadoras de TV paga que apresentaram crescimento em 2017 foram Sky e Oi TV. A Sky chegou ao final do ano com 5,358 milhões de assinantes, segundo dados da Anatel, o que representou um aumento anual de 2%, ou 109 mil clientes. A Oi TV teve um crescimento de 205 mil clientes no ano, fechando com 1,509 milhão de assinantes, um aumento de 15,7%, e praticamente empatando com a Vivo TV, que fechou o ano de 2017 com 1,582 milhão de clientes (uma queda anual de 7,8%, ou 131 mil assinantes).
Mas a operadora que de fato acabou contribuindo para a queda do mercado foi, obviamente, a maior: o grupo Claro Brasil, que compreende a Claro TV (DTH) e a Net (Cabo). Ao todo, o grupo perdeu 832,5 mil clientes de TV paga, ou 8,5%, fechando o ano com 9,072 milhões de assinantes. A maior queda foi da Claro TV, que drenou nada menos do que 654,2 mil assinantes, uma queda de 25% no ano. A Claro TV fechou o ano com 1,9 milhão de assinantes. Desde 2010 a operadora não tinha um número tão baixo de clientes. Não por acaso, no final do ano passado o grupo decidiu mudar a estratégia e criar uma unidade de negócio específica para o DTH, com um CEO (Agrício Neto, ex-Sky) se reportando diretamente ao comando do grupo. A constatação é de que o DTH precisa ser pensado e vendido de uma maneira diferente do cabo. Foram várias as razões que fizeram com que a Claro TV perdesse tantos clientes: desmonte da rede de distribuição, forte presença na classe C, dificuldades de ajuste de produtos dentro da estratégia global do grupo para TV paga entre outros.
A operação de cabo da Net, por sua vez, também perdeu base, mas em um patamar mais próximo da realidade econômica do país. A Net perdeu 178,3 mil clientes, ou 2,5%, fechando o ano com 7,17 milhões de assinantes de cabo. Em comunicado, o grupo declarou: "A Claro Brasil, que engloba as marcas NET e Claro HDTV, esclarece que a queda em sua base de clientes de TV por assinatura reflete a situação econômica vivida pelo País nos últimos dois anos. A empresa segue líder do mercado de TV por Assinatura brasileiro, com mais de 9 milhões de clientes".
A Algar fechou o ano com 74 mil assinantes, uma queda de 25%. As pequenas operadoras também tiveram uma queda expressiva, de mais de 50%, finalizando o ano com 265 mil clientes (ou 317 mil, se considerarmos o dado da Cabo Telecom de novembro). De qualquer maneira, dos assinantes de pequenas operadoras, mais da metade (cerca de 180 mil) são da Nossa TV (DTH religioso, com 125 mil) e da Cabo Telecom (52 mil), o que significa que o mercado de pequenas operadoras independentes está na casa dos 150 mil assinantes.
Os dados da Anatel ainda não estão completos. Faltas os números de junho a setembro. Mas é possível perceber, a partir dos dados de outubro, que entre junho e o quarto trimestre houve uma queda expressiva, de mais de 3% da base. No último trimestre de 2017 o ritmo de queda parece ter se estabilizado, com uma leve aceleração em dezembro. Ou seja, ainda não é possível detectar pelos números nenhuma tendência de retomada de crescimento.
A Anatel mudou a metodologia de registro das tecnologias de TV paga, de modo que agora FTTH e cabo estão sendo reportados, aparentemente, apenas sob a categoria SeAC, o que dificulta a análise.
A agência passou por sérios apuros com o sistema de TI dedicado à apuração dos dados de assinantes de TV paga, o que causou um atraso de quase 9 meses na divulgação dos números, e ainda assim há dados incompletos. Isso significa que deve haver ajustes nas próximas divulgações.
Cadê o resto dos dados?
Quando questionada pelo Minha Operadora, a agência informou que “devido aos ataques cibernéticos que a Agência sofreu (em junho de 2017), os valores presentes no sistema que controla os acessos de TV por assinatura precisam ser checados para assegurar a confiabilidade das informações”. Também informou que aguardava o reenvio das informações por parte das empresas.
Crise e pirataria
Os dois motivos que levaram à queda do mercado, segundo relatos de operadoras e programadoras, se resumem basicamente à crise econômica dos últimos anos, que drenou boa parte da capacidade de compra da classe C, onde a TV paga mais havia crescido. Outro problema é o da pirataria, especialmente no ano passado, com a chegada ao mercado das caixas IP, como HTV e similares, que distribuem ilegalmente conteúdos captados por redes criminosas. A concorrência com serviços OTT, especialmente Netflix, também ajuda na erosão de base de TV paga, mas não existem evidências numéricas de que o mercado OTT tenha substituído os serviços de TV paga na mesma proporção da queda.
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