No Dia Internacional da Mulher, 8 de março às 20h15, o National Geographic homenageia a data com a
estreia do documentário Haenyeo - A Força do Mar, produção brasileira original com direção da
documentarista Lygia Barbosa.
O filme terá uma pré-estreia no MIS, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, no dia 4
de março (domingo). A sessão, gratuita, acontece às 18h, no Auditório MIS (172 lugares) e será seguida por
debate com a diretora Lygia Barbosa e do fotógrafo Luciano Candisani. O ingresso deve ser retirado com
uma hora de antecedência na recepção do Museu
Parceira do National Geographic de longa data (sua primeira produção foi Caminhos de Che, em 2007) Lygia
conta, por meio do olhar do premiado fotógrafo brasileiro Luciano Candisani, a história das corajosas
haenyeos, as mulheres do mar da ilha de Jeju, na Coreia do Sul, que mantêm uma tradição secular:
mergulhar utilizando apenas o ar de seus pulmões para colher frutos do mar.
Com essa atividade é que elas obtêm sustento para criar seus filhos e cuidar de suas famílias. Entretanto, a
cultura das haenyeos, reconhecida pela Unesco como patrimônio imaterial da humanidade, está em declínio.
Mais de 80% das mergulhadoras têm entre 65 e 90 anos de idade e atualmente quase não há jovens
ingressando na atividade.
Para Lygia, o maior desafio do filme foi o acesso à intimidade das haenyeos. Durante as pesquisas para as
filmagens, a diretora deparou-se com diversos relatos de que elas eram reservadas e difíceis. "Eu e Luciano
tivemos que vencer esta resistência, além da barreira da língua, para conquistarmos confiança e entrarmos
na intimidade delas. Só assim pudemos contar esta história e revelar a força e o encantamento que estas
mulheres têm", diz.
O documentário mostra a busca de Candisani por suas fotografias, sempre acompanhado pelas câmeras de
Lygia. Ambos compartilham suas motivações criativas ao interpretar a história dessas mulheres diante de
suas lentes. O resultado é um filme raro, no qual duas linguagens de tempos diferentes, o cinema e a
fotografia, se complementam em favor de uma narrativa comovente sobre um tema intrigante.
Candisani, que também tem uma ligação visceral com o oceano e há anos pesquisa populações tradicionais
que extraem do mar o sustento, interage com as senhoras dentro e fora d´agua e, aos poucos, constrói um
ensaio fotográfico de rara beleza sobre o inusitado modo de vida dessas mulheres.
"Certo dia, eu estava com uma haenyeo no mar e as ondas quebravam forte no costão. Sofri para sair da
água. Eu me cortei nas pedras vulcânicas e afiadas. Aquela senhora, porém, soube entender as ondas, o
vento e as pedras e simplesmente saiu andando com elegância absoluta por uma passagem segura na
encosta. Ou seja, a força está na sabedoria, não nos músculos", relata Candisani.
Suas imagens são diferentes de tudo o que já se produziu sobre o tema, sobretudo no que se refere ao
cerne da atividade: o trabalho das mergulhadoras no fundo do mar. São mulheres de até 90 anos adaptadas
a uma rotina de mergulhos diários com cerca de cinco horas de permanência na água. Elas vão a até 12
metros de profundidade só com o ar dos pulmões, caçam grandes polvos, arpoam peixes e coletam frutos do
mar em uma atividade árdua, exercida por elas com maestria.
O filme e o ensaio fotográfico contam, com muita poesia visual, temas universais, como tradição, cultura,
longevidade, pertencimento, sustentabilidade e a força da mulher.
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